sexta-feira, 14 de agosto de 2009

grandes olhos, pequeno coração inquieto.

tantas palavras na garganta
que você nunca vai ouvir...
são segredos, esperanças,
explicações e desculpas...
sei que não são o bastante,
mas é só
o que posso oferecer...

para sempre vou carregar
as cicatrizes e lembranças
daquilo que abdiquei...
espero estar fazendo a coisa certa,
escolhendo o que acho melhor,
separando nossos caminhos...

o preço a pagar é alto
por erros que não posso corrigir,
meus receios, arrependimentos,
de nada valem à essa altura...
cheguei ao ponto de onde não há volta
e não sei
se vou passar no teste.

boa sorte,
pequena criança,
que o dedo gélido e cruel do infortúnio
não lhe alcance jamais...
adeus,
pequena criança,
seja feliz
e nunca olhe para trás.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

palavras para alguém que nem sabe o quanto é importante...

em sonhos,
relembro risadas,
recordo do cheiro,
do gosto,
de tudo aquilo
que está longe demais para mim...
...
inalcançável...
distante, tão almejado, e nem imagina...
meus sorrisos brotam
espontâneos como flores
à simples menção de seu nome...
e o desespero rondando-me,
o pavor de novo sentimento (não-correspondido),
a insânia de uma afeição tão repentina...
...
preciso fugir de tudo isso...
mas quem disse que consigo?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

sobre noites frias e colchões vazios

de olhos fechados.
tocar aquela carne quente, alva e tenra com meus dedos gelados...
o colchão, que até a noite anterior parecia imenso, diminui de tamanho a ponto de eu quase não caber, mas é bom sentir-me pequena perto dele.
seu corpo, como um violino bem afinado, reage a cada toque, com suspiros e gemidos que tirariam qualquer um do sério...
posso ainda sentir seu cheiro, seu calor, seu gosto... mas eles não estão mais aqui...
a noite parece tão mais fria do que antes dessas memórias, o quarto parece tão mais vazio...
ele não vai voltar, e essa certeza que me dá liberdade para fantasiar sobre cada aspecto seu...
ele só é tão perfeito por não estar aqui, por ter deixado um lugar vago na cama que não mais será ocupado como foi por ele.
as memórias são mais doces e vívidas quando os momentos que retratam foram curtos o suficiente para deixar a vontade, e não a decepção.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

friday night.

sexta-feira.
noite.
vazia.
os cigarros e o café não saciam.
o corpo anseia por abraços, por risos, por beijos.
a carne palpita com um desejo reprimido, que não será saciado.
a mente, febril, fantasia.
e as fantasias ganham proporções que não podem ser controladas.
carne tenra, quente, implorando para ser tocada, ferida, apreciada.
o cheiro da pele, o gosto, o sangue correndo indômito.
o gosto da saliva, lábios que se tocam, que se cortejam, que se perdem na loucura da lascívia.
as mordidas, os arranhões, as chagas que a paixão e o desejo impõem para sentirem-se satisfeitos.
entrega mútua, delírio, êxtases inimagináveis e inenarráveis.
sangue, suor, instinto.
dois corpos ligados, desafiando as leis da física e da razão.
e o despertar ofegante, o desespero e a frustração de uma mente fértil demais.
[a temática é meio semelhante ao conto "this-is", de um grande amigo meu, mas a inspiração é bem diferente... este é só um desabafo de desejos sexuais não satisfeitos... não aspiro à genialidade que ele conseguiu passar em seu texto.]

quinta-feira, 26 de março de 2009

eu quero.

quero mais um pouco desses lábios, que viciam, embriagam, fazem sonhar;
quero mais desses lábios banhados de absinto, que me fazem acreditar num paraíso...
quero mais de sua carne macia e alva,
mais daquilo que só nós sabíamos existir...
...
quero mais dos planos que fazíamos, abraçados,
nus, depois de desafiar leis e sensações;
quero mais daqueles sonhos
com cara de contos de fada
onde tu eras meu, e eu era tua,
até que, do céu, chovessem estrelas...
...
quero tudo que me foi roubado,
todos os sorrisos, todos os pequenos momentos,
tudo o que foi arrastado pela tempestade,
tudo que foi destruído no frio da indiferente cidade...
quero voltar a ser criança, naqueles braços que eram meu único lar,
quero tudo que o tempo descorou e tirou o frescor.
...
quero minha vida de volta,
aquela que idealizei,
que nunca existiu,
mas que era tudo que eu queria,
tudo o que eu tinha...
...
não quero mais chorar.